domingo, 13 de maio de 2012
Enfim, destravado
Daquela noite de sexta, 11 de maio, até o presente momento desse simbólico domingo, nada fluía.
Na verdade, o tempo é antes. Do resultado do exame a ratificação na ressonância, jazia a lealdade com o mundo. Uma vida marcada pelo ritmo de escolhas diversas, passava a ser cúmplice de três sugestivas alternativas.Duas destinavam seu rumo ao medo, a ansiedade e às graças de Deus.
A outra na espera da recompensa da fé ou a um resquício de razão.
Desde então, a janela do quarto, em bagunça, ao alcance do sol, no respingar de uma chuva, tudo ia ao encontro de uma reação animosa. A palavra depressão não encontra achado em seu mundo.
Contavam-se os dias. Fugia-se dos dias. Lampejos de alegria ao anúncio de que se adia a data da resposta já pronta.
Ao anoitecer, dormia-se com o coração em sua mão direita, como se fosse sagaz aquele gesto protetivo. A qualquer estalido, um acorde e a combalida noite sofria em seu papel de testemunha.
Comer era um suplício, pois passava a ideia de ingesta de mais placas de ateromas calcificando as artérias, já tão invadidas por uma existência insólita.
O trabalho, um teatro, uma estância de nervos enquanto fuga atroz para o que vinha em destino.
Da quinta pra sexta, o filme que passava pedia ritmos de passagem. Na chegada ao hospital, investe-se na enfadonha esfera burocrática de documentos a serem assinados, para em seguida ser direcionado para o "preparo".
A partir daí, a cabeça gira, o pulso acelera, o coração em descaminho, não havendo nada mais a fazer que esperar o resultado. No alcance das preces, eis que o de melhor estava por vir. Venceu o improvável, perdeu a estatística, e o que até então perdera o gosto, o tato, e turvo parecia, recupera-se no tempo e é promessa de vida naquele coração, travado.
O domingo, antes tão bem vivenciado, só se abre na tarde e tanto importa quem vença, Santa ou Sport, já lhe conforta o amor, a ausência de ardor, a inércia de dor e a sensação de poesia naquela vida arredia, não mais desconexa e com pressa de amar.
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