domingo, 28 de fevereiro de 2010

Crônica de uma derrota anunciada

A foto acima traz o registro do tempo em que havia unidade entre as forças progressistas no Estado, uma vez que o interesse era único: consolidar o processo democrático.De lá para cá, derrotas foram anunciadas de ambos os lados, todas em consequência de projetos político-pessoais que comprometiam a égide do poder.
Hoje, Arraes partiu pra outra e, caso não venha a ser mais um lampejo da ascética imprensa nacional, saudosa dos coronéis eletrônicos -leia-se a enfadonha camarilha de Serra e Jarbas - ou, o que se circula por aí, pode ser um prenúncio para uma virada histórica em Pernambuco, comprometendo a sólida estratégia de consolidação do nome de Dilma no cenário nacional. Traduzindo, uma vez que a coalizao de forças que sustentam o governo em nosso Estado caia na indolência de lançar o Secretário das Cidades,  representante das forças conservadoras do partido dos trabalhadores para o senado - o  ex-ministro da saúde Humberto Costa - basta tão somente uma imersão na planície por parte do coeso grupo que representa João Paulo, coletivo este com intensa participação nos movimentos sociais, terceiro setor e com o respaldo político-eleitoral dado pela população, sobretudo na região metropolitana, que, por gravidade, resgata-se o discurso do alto astral, que pode levar os progressistas a uma derrota histórica movida pelo ranço das picuinhas palacianas, absorvido pelo hedonismo da outrora unidade na luta.
Quando as pesquisas apontam para o soerguimento de Dilma e uma confortável vantagem de Eduardo,  em dobradinha com Armando e João Paulo, eis que a história com seus atores apresenta suas farsas, gerando incerteza e insegurança a quem tem compromisso com o zelo do bem público. Fica o registro e jogo minhas fichas, só nos resta acompanhar o desdobramento dos fatos.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O futebol explica o Brasil, o jornalismo não mais

O meu prazer pela leitura é fruto da umbilical relação que meu pai tinha para com os periódicos quando em vida. Lembro de Chico jornaleiro, diariamente, às 6 da manhã, estacionando com sua bicicleta para entregar o Diário de Pernambuco. Como o tempo era curto - acordava com o freio do seu transporte e recepcionava o matutino - manifestando interesse pelo Caderno Viver e pela página de esportes, antes que meu idolatrado pai o carregasse em baixo dos braços no destino da CEPE. Através desse prazeroso vício literário, hoje posso lembrar do desmaio de Mauro estampado em 1977, na primeira página, depois de ir dormir por volta de 3 horas da manhã, com o grito de gol  do saudoso Ivan Lima, registrando o título do Leão da Ilha, após um ciclo de prorrogações que comprometiam a condição humana de jogadores, jornalistas e torcedores.Lamentavelmente, o que antes tanto contribuíra no processo de consolidação dos valores éticos, políticos e intelectuais de uma família, munidos pelas matérias, artigos de jornalistas focados numa política de comunicação investigativa, não obstante transitarmos pela égide de uma ditadura perversa, o que hoje observamos nos deixa incrédulos. Não que devamos nos posicionar como dinossauros renunciando as ofertas tecnológicas do mundo moderno, avassalador em suas ferramentas de comunicação contínua. Mas, é sobretudo  na falta de compromisso com o pensar, dentro de uma perspectiva crítica e eivada de conteúdos que já não consigo enxergar o zelo de outrora para com as notícias. Não tenho mais ouvidos pars escutar as enfadonhas resenhas esportivas, os textos formais dos cadernos de esportes são cansativos, onde o que hoje se defende, amanhã é negado com a maior sutileza dos desinformados; paradoxalmente, foi na prateleira da Cultura que encontrei um trabalho de pesquisa de um jornalista paulista,, Marcos Guterman -  O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão popular de um país - , apaixonado como eu e mais 140 milhões de brasileiros pelo futebol, que recomendo aos apaixonados pelo esporte bretão, pois o cara viaja numa perspectiva polissêmica procurando compreender as amarras do futebol com a formação sócio-cultural  do nosso povo, meio que na linha de Caio Prado Jr e George Orweel. Vale a pena conferir, por enquanto, sigo no segundo capítulo, em breve, provocarei um debate com vozes e vezes em aberto.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Traços, retratos e esculhachos de um Carnaval lúdico ll

Onde foquei,  presenciei a marca de um Carnaval em paz, sem o peso da hipocrisia do comércio de camisas alusivas ao tema. Galo da Madrugada, Recife Antigo, pólos, internet e o atraso dos periódicos, nada reproduz a contra-regra dos ritos de violência que mancham espetáculos.Em cada riso uma foto, a cada beijo mais um flash,mas vem do estado de espírito de um povo que absorveu o bom zelo dos atores públicos, que o reinado de momo atuou como registro para a coexistência pacífica na Terra do Frevo.Como é da gênese desse fenômeno de massa, os escrachos e esculhachos sinalizaram para a égide sócio-política, passando por Arruda, Serra, Dilma, sem deixar de lado os nativos dos Joãos. Fantasias de Judas, Caim, banheiro móvel, Lilis (mais uma vez não chegou), bem como os enxertos da pós-modernidade, garantiram presença em um Carnaval multifacetado, onde a alegria foi soberana. Pra variar o gosto de quero mais já é trava na boca dos foliões; como recompensa levaram os amores, promessas, fantasias e a certeza de que nesse mundo inseguro, anômico e niilista, é possível ser feliz no reencontro com a arte da vida manifesta nos mais belos gestos de um Carnaval que só Pernambuco tem.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Traços, retratos e esculhachos de um Carnaval lúdico l

Muito embora, hoje, ainda seja segunda-feira momesca - e muita coisa ainda está pra acontecer - arrisco-me a revelar o testemunho de um dos carnavais mais singelos, poéticos e seguros dos últimos tempos. Iniciei o mesmo com as devidas deferências ao sítio matriz olindense, onde transitei por Pitombeiras em seus ensaios antológicos, saudei os maracatus, marquei o passo no Amparo, e na trilha do bem viver me vesti de saudades. Seguindo seu ritmo, fui ao Baile Municipal e adquiri a carteirinha de folião recifense, uma vez que nunca tinha ido a eminete marca do Carnaval recifense em sua epopéia humana.Confesso que não vejo nada de errado em ser feliz e - Carnaval é arte e nos oferece o sentido desse concerto - em que pese sua condição efêmera.Senão vejamos: velhos amigos( passei por Demétrio, Guilherme, Rinaldo);amigos novos(Fernando,Rubão, Ana Augusta),  vivi a vida de frente e de costas, não feri o bom senso, alimentei-os de riso, e assumi uma responsabilidade individual para com a liquidez humana . Confesso que cansei, 125 kg já não respondem as instigações do alter ego, mas no traço, retraço e esculhacho desse  ciclo momesco, sinto-me recompensado. Bem aventurado quem vive no Recife, pois ao acordar, ouve os clarins; saindo de casa, enxerga um mascarado; e ao se cansar traz consigo os ritos, passos e descompassos de um povo que ferve ao som do frevo e extravasa emoções num balé sincopado de emoções.