quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

UDX, 30 anos: uma geração que deu certo




Se tiver mais 50 carnavais pra ser aproveitados, serão nas proximidades de Momo que haverão de aflorar o guizo da saudade daquela turma de jovens, adolescentes, no exercício da puberdade, em tempos de transição política, Revolução Sexual, inflação galopante e do amor pelo samba e pelo carnaval pernambucano.
Finalizadas as contagiantes peladas na Rua do Pixe, em Afogados, num ritmo de exaustão, o caminho natural visava assento na pedra situada em frente da casa de Toddy - hoje o Gordo da Bomboniere -, em Areias, Josemir para sua companheira, mas indubitavelmente o responsável pelas incontáveis garrafas de água no alívio da sede do esforço do esporte bretão.
A resenha era desmedida, das melhores pernas, aos melhores seios, naturalmente, misturado com o prazer pela poesia do samba e a busca do plus para as aproximações afetivas, eis que se funda uma escola de samba,onde o nome não poderia ser outro : UDX.
Sem reservas e sem as dificuldades da época, pois onde chegávamos para apresentar a proposta sócio-cultural era um constrangimento só com a propriedade do nome - por aqui -, fica mais fácil: Unidos da Xoxota.
E não poderia ser outro, a testoterona era hegemônica; a progesterona imbutida, mas com o tempo encontrou seu prumo. Os embalos de sábado à noite, as quadrilhas juninas, marcas do calendário de eventos que ditavam o ritmo do samba terminaram por gerar guarida para o desabrocho dos hormônios.
Namoros, namoros que geraram casamentos, a verdade é que aquela geração deixou marcas etnograficamente preservadas nos álbuns de fotografias de Dona Zira e Sérgio AP.
Servidores públicos, profissionais liberais, comerciantes, empresários, acima de tudo, amigos, amigos que tiveram suas trajetórias de vida furtivamente desviadas pelas intempéries da espada do destino.
No entanto,é sobretudo no legado edificado pelas famílias constituídas, pelo renitente sentimento de saudade, pelos olhos que marejam a cada reencontro que evidenciamos o quão producente fora aquela geração voltada para as solícitas poesia da vida.
Ainda guardo em mim a esperança de que um dia, um dia quem sabe, haveremos de organizar um evento e aproveitar os recursos do mundo pós-moderno para trazermos à tona a dor que não se brinca. A dor que clama a saudade, a saudade daquelas conversas que não terminamos ontem, que  ficou em Dona Albina, no Casquinho, da 21 de Abril, no barracão da casa de Fábio Chocolate, na pedra, reles testemunha...simplesmente conversas, imortalizadas no seio de uma geração que deu certo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O chocolate e a (des)ordem na alma humana






Já se passavam 72 horas, o trabalho ocupava seu espaço, a insônia entrelaçava outros olhares e o prumo da vida desenhava novas alianças. Até que - num almoço de rotina -, o que até então parecia não mais ter voltas, desperta um incêndio de metáforas proporcionado por uma mordida numa barra de chocolate.
Numa esquizofrenia venosa, em comunhão, ressurgem músicas, poemas, imagens do morro, vozes, sorrisos, números de telefones e na procura da culpa, preferira uma cesta.
Ao leite, amargo, diet, branco, o alimento dos deuses, num ato solene, acabava de adquirir a condição simbólica, o viés pró-ativo, rasgara a rotina insólita de quem não mais acreditava na volta aquele lugar, para voltar a viver e sonhar com o passaredo dos poetas.
Nas palavras de algumas eminências pardas, o chocolate induz uma sensação de prazer que pode ser explicada pelas suas propriedades físicas. O Professor John Harwood e os seus colegas da Universidade de Cardiff acreditam que o elevado conteúdo de estearatos da manteiga de cacau, um ingrediente essencial do chocolate, é responsável pela forma como se derrete e pela sua estabilidade. A manteiga de cacau contém entre 30% e 37% de estearatos na sua composição lipídica. Como consequência, permanece sólida à temperatura ambiente mas, quando consumida, o seu conteúdo em gordura absorve o calor da boca e derrete à temperatura corporal, produzindo o efeito 'derrete-se na boca'.
Não há como se questionar, derrete na boca e desagua na alma, tão prova o feito na alma daquele barnabé, até então vencido na arte de amar, achando que o mundo estava ao contrário e que ninguém reparou. Nando Reis foi seu guia naquela tarde de janeiro.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Em Simões (PI), aperte o 12 que é o seu lugar


Por Onde Andei - Nando Reis & Os Infernais - MTV Ao Vivo
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=pnxRvHKjC3Y

Ainda faltam alguns detalhes, sobretudo no que diz respeito a uma profissionalização da campanha, recorrendo a agentes políticos, profissionais da comunicação midiática e oficializar a coalização de forças, delegando responsabilidades, pois de resto, os ventos sopram a todo vapor em prol da mudança.
Falta aquela velha conversa, o olho no olho, o infinitivo verbal, o abraço no povo.
No último final de semana, mas precisamente na Serra, aconteceu o que, em política, segundo Gramsci, eminente sociólogo marxista italiano, traduz-se pelo alcance da alquimia política.
A força que vem da terra, representada pelos diversos atores políticos da região, conduzidos a uma só voz, Valdeir vem aí;  associada ao clamor da fé católica, devidamente manifesta num gesto de reconhecimento pela galhardia da infraestrutura montada em benefício dos fiéis daquela localidade : a igreja se fez povo.
O bloco histórico que fora sendo montado, terminou por  protagonizar um ato político até então nunca visto, ressoando como uma ação política de resistência contra-hegemônica aos arroubos juvenis que é a marca do grupo elitista de cumpadres que teimam em se perpetuar no poder.
Fala-se em cerca de 2 mil pessoas.
Já é possível ver que, quem  acolher o que ele tem e traz,quem entender o que ele diz, no giz do gesto do seu gesso, jeito pronto, do piscar dos cílios,  ao convite do seu silêncio, já devidamente compreendido em cada olhar dos que, paulatinamente vem se engajando nesse projeto;
O projeto político em si trás o crivo da sustentabilidade, vem sendo pinçado a gosto do que clama o povo, fazendo vingar a perspectiva de resgatar o tempo perdido, direcionando Simões (PI) no trilho do desenvolvimento que, já beija o chão do Curral Novo (PI), com a extração dos minérios, do ferro, mas passa a reboque da locomotiva simonense pela falta de um condutor com perícia para tanto.
Diante de tantas evidências, estranho seria se não se apertasse o 12.
Estranho seria se não seguíssemos o seu trajeto e não continuássemos aquela conversa que não terminamos ontem.
 Lá chegando, na fábrica, não se façam de rogados, pra ser feliz não falta tempo, aquela boa conversa de pé de ouvido tem vaga pra hoje; amanhã, depois da feira, na chegada pra faculdade,
antes do carro lotação voltar pra terrinha.
Os que por último lá chegaram, se perguntam :
- Por onde andei quando você me procurava ? 
 Nando Reis parece ter feito aquela bela canção pra essa ocasião. Pra você. Para nós. Pro futuro.
E aí, quem ainda sofre as perseguições do despotismo da gestão municipal, haverá de dizer:
- Desculpe, estou um pouco atrasado. mas espero que ainda dê tempo, de dizer que andei
errado e eu entendo.
 Nós também entendemos, você sofre, é obrigado a tanto. Tem filho  pra criar,
conta pra pagar e sofre ameaça de perda de emprego.
 - Tenha calma, ao seu redor está deserto, tudo que está por perto, ainda está tão perto.
Outubro vem aí, são 12 os motivos. Na próxima eu conto.