segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Meninos não choram l


Sou dos que não abrem mão do domingo como símbolo inalienável da família. Não que os outros seis dias da semana não o sejam.E como são.Uma maratona que se inicia às 5 da manhã, tendo seu fecho por volta das 21. Acordo - levo mulher e menino pra escola e trabalho - respectivamente, nessa ordem, sem o devido trâmite do despertar. Na volta pra casa, vou me recompondo,na busca pela satisfação em está vivo. No decorrer do dia, essa trajetória há de se repetir, inevitavelmente, duas vezes. Mas, fazer o que, o fato é que gosto, e é nessas circusntâncias de tempo e de espaço, que encontro a satisfação instantânea, tão bem elencada por Sêneca.Afinal, viver é contemplar os efémeros episódios, buscando indiferença com o passado,resiliência com o presente e desconfiança para com o futuro. Fraquezas humanas da Pós-modernidade.Enfim,eis que chega mais um domingo e fomos ao almoço,buscando a variância, seguindo pra zona sul, onde terminamos parando no Barraco, restaurante sitiado no Pina. Nada fora das idiossincrasias dos finais de semana. Na volta pra casa, Vinìcius pergunta:"Pai,gostaria de comprar um mangá". Gibi japonês, que se lê de trás pra frente, novo literato juvenil. Como sou intransigente com choro de menino em público( muito embora o meu nunca me decepcionara), faço de tudo pra me antecipar a estas possibilidades da alma humana. E, faço porque gosto de ser participativo, altruísta, ainda mais quando o contemplado é meu filho. Segui meu destino no sentido do Cais José Estelita, meio que conduzido para a Livraria Cultura. Gosto de compor situações onde o coletivo seja agraciado. Parceiro dos livros, minha companheira de cultura popular e o rebento possesso por mangá, algo me dizia que na Cultura iria encontrar. Olha que até rimar, rimou.Ponto pra mim, acertei em cheio. Vinícius comprou seus escritos. Rita ordenou suas encomendas e eu, tive acesso a obra Pós-moderna de Bauman (Sociedade Individualizada)e Jezus Izquierdo(Meninos não choram). Caminhávamos para fechar o domingo a contento, e ainda dei um passo significativo para compreender a formação do habitus guerrilheiro, na Colômbia, alimentando o que até então ignorava,cada vez mais certo de que meninos não choram, desde que não mergulhemos nas contradições da existência humana.

A democracia na mão e na contramão


Sou dos que acreditam e defendem a consolidação do processo democrático, mediante efetiva participação da sociedade civil organizada, como sendo o grande passo no sentido de fortalecê-la enquanto valor, sedimentando as estruturas de poder no tocante a consecução dos interesses públicos. E, quando vejo centrais sindicais organizando seminários para discutir marco regulatório das comunicações nesse país, é possível reconhecer os avanços conquistados para garantir o diálogo dos movimentos sociais.Corrobora em muito para esse assento, quando vejo meu filho (10 anos), em seu cotidiano me questionar sobre o que vem a ser greve,e os andamentos das mesmas, ao ponto de me revelar uma lúdica manifestação em sua escola, protestando contra a retirada do SPIGBOL ( acho que é assim mesmo). Onde, segundo ele, foi só ameaçarem uma greve, que amarraram a bolinha na ora. A verdade é que o jogo é das antigas. Lembro das memoráveis partidas no Colégio Salesiano - contra Padre Genaro, então diretor da escola - que já partiu pra outra. Que Deus o tenha. Merece.Agora, das antigas mesmo, eram as recorrentes ameaças e convocação ao judiciário, promovidas pelos representantes dos patrões, em plena ditadura, para estancar movimentos paredistas. E, pasmem, quem outrora estivera na trincheira de lutas, hoje nega o entendimento nas mesas, e bebe água na fonte dos tecnocratas. Dando, por sua vez, guarida pra ultradireita ressaltar que nada mais conservador do que um progressista no poder.Sorte do povo brasileiro que, enquanto uns circulam pela contramão, a magistratura, hoje, em sua grande maioria formado por quem forjou sua história via concurso público, age com galhardia, e nega o pedido de abusividade da greve, sinalizando para que os prepostos da construção civil, dos capitais transnacionais,dos lobbies enxerguem o espaço legítimo das mesas como fórum legítimo das discussões.Em prol da estrada democrática, identificamos a construção de uma nova sociedade, híbrida,questionadora, onde em tal cenário o desenvolvimento do capital social, aumentaria, prática e teoricamente, o poder dos cidadãos permitindo-lhes maior inserção e participação na arena política, capital este que empodera coletivos, fortalecendo a democracia através da ampliação da participação dos cidadãos, não mais como receptores de políticas públicas, mas como fiscalizadores da gestão, revertendo processo de desintegração social tão bem representado na segmentação da PLR, entronizada por quem faz a gestão na CAIXA.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

31 de Agosto de 2009: um despertar de uma paixão



Muito embora esteja escrevendo em Setembro, mas precisamente, hoje, 10 de Setembro, reza a lenda que o mês de Agosto é turbulento. Apronta mesmo. A princípio tinha tudo pra fechar sem traumas. E olha que a pauta tava recheada: aniversário meu e de alguns pares, conflitos laborais, agenda político-eleitoral se consolidando, enfim, tudo seria possível. Mas, eis que na esfera filial, no transitório espaço entre a infância e a pré-adolescência que surge o propalado "sobrenatural de almeida", tão bem ilustrado por Nelson Ferreira. Pego Vinícius na escola, e ele logo se manifesta: "dia horrível hoje". Indaguei, nota baixa? Ele responde: não. Fora da rotina, tento gerar humor, indagando. "Que tal sairmos no mundo sem destino". De bate pronto a resposta: "topo".
Passei a ver em seu semblante que o negócio era sério. Mudando o discurso, eis que revela o problema: "Juliana vai se mudar". Com o olhar reto, segura os marejos dos olhos. Chegamos no SENAI, a mãe entra e reproduz os afagos de sempre. E aí, tudo bem? Como foi seu dia? a resposta continua firme: "péssimo". Com a avalanche de carinhos e gestos afetuosos, as primeiras lágrimas atestam a dor de uma paixão que, em sendo a primeira, nada mais natural que traga consigo as sequelas na face rubra. Num misto de criança, pré-adolescente, insurge o homem que desde que veio ao mundo, nunca faltara com as marcas de uma personalidade forte, identitária, capaz de ser forjado na luta, sem perder o compromisso com os encontros com a felicidade. Vinícius se apaixonou pela primeira vez, de tantas que hão de vir. O fato é que Agosto não passa em branco.

Minha vontade é forte, mas a minha disposição em lhe obedecer é fraca (Carlos Drummond de Andrade)


Com as defecções do BB e dos bancos privados, é possível perceber as insinuantes reações dos prepostos dos banqueiros visando o encerro da greve. No entanto, movidos pelo descaso com a pauta, pela falta de um piso decente, as barrigadas com o PCCS e, numa certeza que o voo da vida, inexoravelmente, nos traz de volta pro solo, que os bancários, destemidamente, aceitaram a ideia de desafiar quem outrora os defendera (leia-se a atual gestão da CAIXA), indignados em suas condições "naturais". Como diria Bauman: "como não nos é permitido esquecer nossa natureza, continuamos desafiando-a". Por mais louco que isto pareça, uma vez que não se tem segurança, ficando a reboque do incerto, mais loucos ficar-se-à caso venha a se aceitar o estado letárgico de sociedade que chama para compartilhar, concordar, sem que se busque a dignidade da coexistência. Qualquer pesquisa que se faça, encontra-se com facilidade o reconhecimento dos lucros históricos, exorbitantes dos bancos, ilustrados nos balanços de suas organizações. Ao passo que se acumulam doenças laborais, perdas salariais, demissões, enxugamento de pessoal, e o recorrente assédio moral, resultando numa manutenção do status quo dos capitais transnacionais, tendo como contra partida o veneno do absurdo da exploração dos homens pelos homens. A palavra de ordem é intensificar as mobilizações e lotar as assembleias

Quando votar vale a pena






Rui Barbosa, "A Águia de Haia",afirmava em analise da sua época: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus; o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".Com essas recorrentes colocações, há de se questionar o que leva um cidadão deslocar-se 800 km de suas raízes, no intuito de exercer o sufrágio universal: dois motivos. Primeiro, é preciso, acima de tudo, está vocacionado para fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo, reconhecendo o legado que lhe pertence; segundo, acreditar que quem estará a frente desse projeto, dispõe de patrimônio ético, moral e capital humano para fazer assunção em prol do bem-comum. E, nesse sentido, valeu a pena. Acessando o Google, faço a pergunta: Quem é a vereadora Rúbia? De bate e pronto,.as duas primeiras citações dizem respeito ao Projeto de Lei que institui o Dia do Evangélico. E olhe que Rúbias existem aos milhões na rede globalizante. Porém, quem melhor serve, muito mais se eleva. Vale salientar, que a ontologia do nome Rúbia traz à tona o pensar, a fuga das aparências, sem medo de intervir. A palavra "Vereador" , por sua vez, vem do verbo latim verear,que significa "zelar pelo sossego e bem-estar dos munícipes" "sentinela ou guardião da comunidade"tambem significa "membro da Câmara Municipal que legisla" e a palavra LEGISLAR? É elaborar, estudar, discutir e votar projetos de lei para o Município. Dos axiomas em questão, é possível identificar que a trajetória desse mandato se confunde com os procedimentos basilares das regras democráticas - conforme ressalta Norbeto Bobbio (O Futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo) - gerando incomodo ao revanchismo dos interesses particulares, a sobrevivencia das oligarquias, fiscalizando a gestão do bem público. Em sua voz, encontra-se a grita dos excluídos do campo; em seu destino, forja- se a luta dos que não calam e não cansam. E no meu voto, vejo o possível da política e da ética andarem juntas, por mais distante que seja o alcance das urnas.
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