sábado, 4 de fevereiro de 2012

O chocolate e a (des)ordem na alma humana






Já se passavam 72 horas, o trabalho ocupava seu espaço, a insônia entrelaçava outros olhares e o prumo da vida desenhava novas alianças. Até que - num almoço de rotina -, o que até então parecia não mais ter voltas, desperta um incêndio de metáforas proporcionado por uma mordida numa barra de chocolate.
Numa esquizofrenia venosa, em comunhão, ressurgem músicas, poemas, imagens do morro, vozes, sorrisos, números de telefones e na procura da culpa, preferira uma cesta.
Ao leite, amargo, diet, branco, o alimento dos deuses, num ato solene, acabava de adquirir a condição simbólica, o viés pró-ativo, rasgara a rotina insólita de quem não mais acreditava na volta aquele lugar, para voltar a viver e sonhar com o passaredo dos poetas.
Nas palavras de algumas eminências pardas, o chocolate induz uma sensação de prazer que pode ser explicada pelas suas propriedades físicas. O Professor John Harwood e os seus colegas da Universidade de Cardiff acreditam que o elevado conteúdo de estearatos da manteiga de cacau, um ingrediente essencial do chocolate, é responsável pela forma como se derrete e pela sua estabilidade. A manteiga de cacau contém entre 30% e 37% de estearatos na sua composição lipídica. Como consequência, permanece sólida à temperatura ambiente mas, quando consumida, o seu conteúdo em gordura absorve o calor da boca e derrete à temperatura corporal, produzindo o efeito 'derrete-se na boca'.
Não há como se questionar, derrete na boca e desagua na alma, tão prova o feito na alma daquele barnabé, até então vencido na arte de amar, achando que o mundo estava ao contrário e que ninguém reparou. Nando Reis foi seu guia naquela tarde de janeiro.

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