sábado, 20 de fevereiro de 2010

O futebol explica o Brasil, o jornalismo não mais

O meu prazer pela leitura é fruto da umbilical relação que meu pai tinha para com os periódicos quando em vida. Lembro de Chico jornaleiro, diariamente, às 6 da manhã, estacionando com sua bicicleta para entregar o Diário de Pernambuco. Como o tempo era curto - acordava com o freio do seu transporte e recepcionava o matutino - manifestando interesse pelo Caderno Viver e pela página de esportes, antes que meu idolatrado pai o carregasse em baixo dos braços no destino da CEPE. Através desse prazeroso vício literário, hoje posso lembrar do desmaio de Mauro estampado em 1977, na primeira página, depois de ir dormir por volta de 3 horas da manhã, com o grito de gol  do saudoso Ivan Lima, registrando o título do Leão da Ilha, após um ciclo de prorrogações que comprometiam a condição humana de jogadores, jornalistas e torcedores.Lamentavelmente, o que antes tanto contribuíra no processo de consolidação dos valores éticos, políticos e intelectuais de uma família, munidos pelas matérias, artigos de jornalistas focados numa política de comunicação investigativa, não obstante transitarmos pela égide de uma ditadura perversa, o que hoje observamos nos deixa incrédulos. Não que devamos nos posicionar como dinossauros renunciando as ofertas tecnológicas do mundo moderno, avassalador em suas ferramentas de comunicação contínua. Mas, é sobretudo  na falta de compromisso com o pensar, dentro de uma perspectiva crítica e eivada de conteúdos que já não consigo enxergar o zelo de outrora para com as notícias. Não tenho mais ouvidos pars escutar as enfadonhas resenhas esportivas, os textos formais dos cadernos de esportes são cansativos, onde o que hoje se defende, amanhã é negado com a maior sutileza dos desinformados; paradoxalmente, foi na prateleira da Cultura que encontrei um trabalho de pesquisa de um jornalista paulista,, Marcos Guterman -  O futebol explica o Brasil: uma história da maior expressão popular de um país - , apaixonado como eu e mais 140 milhões de brasileiros pelo futebol, que recomendo aos apaixonados pelo esporte bretão, pois o cara viaja numa perspectiva polissêmica procurando compreender as amarras do futebol com a formação sócio-cultural  do nosso povo, meio que na linha de Caio Prado Jr e George Orweel. Vale a pena conferir, por enquanto, sigo no segundo capítulo, em breve, provocarei um debate com vozes e vezes em aberto.

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