
Sou dos que não abrem mão do domingo como símbolo inalienável da família. Não que os outros seis dias da semana não o sejam.E como são.Uma maratona que se inicia às 5 da manhã, tendo seu fecho por volta das 21. Acordo - levo mulher e menino pra escola e trabalho - respectivamente, nessa ordem, sem o devido trâmite do despertar. Na volta pra casa, vou me recompondo,na busca pela satisfação em está vivo. No decorrer do dia, essa trajetória há de se repetir, inevitavelmente, duas vezes. Mas, fazer o que, o fato é que gosto, e é nessas circusntâncias de tempo e de espaço, que encontro a satisfação instantânea, tão bem elencada por Sêneca.Afinal, viver é contemplar os efémeros episódios, buscando indiferença com o passado,resiliência com o presente e desconfiança para com o futuro. Fraquezas humanas da Pós-modernidade.Enfim,eis que chega mais um domingo e fomos ao almoço,buscando a variância, seguindo pra zona sul, onde terminamos parando no Barraco, restaurante sitiado no Pina. Nada fora das idiossincrasias dos finais de semana. Na volta pra casa, Vinìcius pergunta:"Pai,gostaria de comprar um mangá". Gibi japonês, que se lê de trás pra frente, novo literato juvenil. Como sou intransigente com choro de menino em público( muito embora o meu nunca me decepcionara), faço de tudo pra me antecipar a estas possibilidades da alma humana. E, faço porque gosto de ser participativo, altruísta, ainda mais quando o contemplado é meu filho. Segui meu destino no sentido do Cais José Estelita, meio que conduzido para a Livraria Cultura. Gosto de compor situações onde o coletivo seja agraciado. Parceiro dos livros, minha companheira de cultura popular e o rebento possesso por mangá, algo me dizia que na Cultura iria encontrar. Olha que até rimar, rimou.Ponto pra mim, acertei em cheio. Vinícius comprou seus escritos. Rita ordenou suas encomendas e eu, tive acesso a obra Pós-moderna de Bauman (Sociedade Individualizada)e Jezus Izquierdo(Meninos não choram). Caminhávamos para fechar o domingo a contento, e ainda dei um passo significativo para compreender a formação do habitus guerrilheiro, na Colômbia, alimentando o que até então ignorava,cada vez mais certo de que meninos não choram, desde que não mergulhemos nas contradições da existência humana.